Quando comecei a percorrer esta estrada, percebi que a escolha que estava a fazer seria para sempre - pois como poderia interromper algo que me faz sentir bem?
No entanto, não fazia ideia do quanto me esperava a cada vivência e a cada entrega nas tarefas propostas e criadas por mim mesmo...
A alimentação é um tema importante para quem almeja ser saudável e feliz.
Já o sabia, mas só através da experiência na minha própria pele consegui traduzir essa importância na sua essência mais pura.
Sempre acreditei e percebi que o meu futuro seria tornar-me vegetariano ou alimentar-me apenas do que faz bem ao corpo, no entanto, dentro de toda a transformação e vivência em mim mesmo, como ator principal, aprendiz e testemunha da minha própria existência, optei por dar um passo de cada vez e cimentar cada realidade vivida.
Foi nos retiros que esta temática se tornou mais evidente e necessária de ser observada, vivida, sentida e compreendida na primeira pessoa.
Acreditamos que precisamos de comer, por isso morremos à fome se nos faltar alimento. Quando aprendemos a olhar o alimento com os olhos do coração e a verdade que somos, na sua mais pura essência, percebemos que o corpo apenas cumpre as instruções que lhe foram dadas, ao ingerir, pois na sua natureza existencial, a simples presença é alimento para ele.
No Monte da Fonte, a minha casa, no alentejo, o local onde realizo os retiros, promovo o hábito de comermos com as mãos, pois acredito que ao tocar o alimento, só por si, o corpo começa a alimentar-se. Além disso, não começamos nem terminamos uma refeição sem uma breve paragem de reconhecimento pelo momento - o que nos ajuda a aquietar e a fazer a refeição na medida do essencial e do estritamente necessário à crença do corpo.
Ao cozinhar, por hábito, e porque cada vez mais amo mexer no alimento e na preparação daquilo que eu próprio vou ingerir - é lembrada a ligação ao coração, ao silêncio e à quietude existencial - de forma a que toda a vibração de amor se faça ressoar em tudo o que envolve a existência de quem está a preparar o alimento, como do próprio alimento que só por si é amor puro.
À medida que fui experienciando várias possibilidades nesta temática, fui largando pequenas crenças ainda existentes relativamente à forma como as refeições devem ser feitas e entreguei-me por completo à experiência da ligação com o alimento. O silêncio, o jejum, a meditação, são o fio condutor. E hoje, a minha existência celebra e aplaude no silêncio da verdade, a conquista feita até aqui neste campo.
Quais foram as principais conclusões tiradas com esta experiência até aqui?
» É saudável alimentar-mo-nos dos verdes, da fruta, dos legumes, porque eles representam de forma mais aproximada a vida que nós somos - ao ingerir 'vida', damos a instrução ao corpo - + vida!
» A experiência da água - antes eu bebia água fresca, hoje eu bebo água natural ou morna. Quando encetei esta jornada na alimentação, por minha conta e risco, percebi que ao ingerir água morna em jejum (com mel, ou limão ou simples), a digestão fazia-se com uma certa harmonia que antes não se notava - e mesmo assim nunca tive problemas com a digestão.
Além disso, o funcionamento dos intestinos, a sensação de 'preparação do corpo' para a ingestão de outras coisas, cria em nós uma consciência de quem está presente e a cuidar do templo, que é o nosso corpo.
Existem muitas pessoas que me dizem - JC, eu não bebo 1,5l de água por dia, mas bebo muitos chás - a assimilação que o corpo faz dos chás é completamente diferente da assimilação que o corpo faz da água pura.
» Ao variar o horário das refeições, podemos baralhar a organização interna relativamente à digestão e à pré-programação de assimilação de nutrientes e tudo o que o corpo mais precisa. Além disso, baralhamos o corpo-mente que fica sem saber onde enquadrar aquela refeição. Costumo por vezes brincar e dizer: 'Hoje para o jantar vamos ter um pequeno almoço.' Com estas referências, conseguimos aceder ao subconsciente de forma a poder desmontar a crença associada à dependência do alimento.~
» No retiro de 21 dias de silêncio, onde podemos estudar-nos e testemunhar estas experiências em tempo real, eu consegui ter uma vida dita 'normal' alimentando-me apenas do essencial, fazendo jejum em alguns momentos, 3 dias de jejum seguidos, em que me levanatava bem cedo, fazia as minhas caminhadas-corridas de 1 a 2h, e as tarefas associadas ao campo - cavar, carregar pedras... - trabalho pesado e nunca me senti com fome, nem com sensações de maus estar ou com fraqueza. Tudo isto porque segui o meu corpo humildemente e me fui deixando levar pela coerência da dança entre a minha consciência, o meu corpo, os alimentos disponíveis e a verdade primordial que me fez perceber como se pode viver da luz, do amor e da presença.
» Depois desta experiência, algo mudou ao nível interno na ligação com a forma como o meu corpo deseja ser alimentado - é como se eu tivesse transitado para um patamar de disponibilidade diferente - no próximo retiro de 21 dias que fizer (que será daqui a 2/3 meses sensivelmente), sei que estou disponivel para jejuar mais tempo, e sei também que darei continuidade à construção do alicerce que me permitirá viver cada vez com menos dependência do alimento.
» Percebi também que, uma experiência de 21 dias para alguém que pretende encontrar-se, é apenas o primeiro passo - pois o verdadeiro encontro com a verdade essencial é o todo e o todo envolve naturalmente esta consciência de independência relativamente ao alimento.
Por isso, aconselho a transformação gradual consciente de cada passo, além de ser mais prazeroso, pelas experiências que se vivem, é mais natural, que é o que se pretende.
Mas mais importante do que tudo isto, a maior de todas as conclusões é que podemos ser livres - completamente livres do alimento.
Para provar isso, numa primeira fase, para ajudar a pessoa a perceber que precisamos de muito pouco alimento para viver, criei um exercício que lhe chamei 'multiplicação do alimento'. Tendo por base aquilo que acredito que tenha sido mais provável que Jesus tenha feito, ousei tornar real este exercício, mesmo sem saber se iria funcionar e como tudo o que fazemos seguindo a intuição pura, superou qualquer expetativa - e a conclusão foi que - com amor, presença, regra, gratidão e paz, o corpo precisa de muito pouco para continuar a viver.
Naturalmente a primeira coisa que me surgiu após a primeira experiencia com este exercicio foi - caramba, milhares de pessoas estãoa morrer à fome, porque ainda não sabem que não precisam do alimento!!! Obviamente que depois precisamos enquadrar toda esta consciência e viabilidade na condição de cada um - mas o que conta mesmo é que é possível!
Acredito que podemos viver muitos mais anos se assumirmos a consciência do que realmente somos - a fonte! Livres, em amor, paz e fluidez com a existência, conseguiremos construir condições para gerar uma realidade mais saudável e feliz.
Come verdes, opta pelos crus - estarás a dar referências de vida e longevidade ao teu corpo.
Bebe água - lembra-te que és água - deves repor diariamente 1,5l a 2h de água.
Faz exercício físico - ao movimentares o teu corpo estás a lembrá-lo de que ele está vivo.
Antes de fazeres algum detox ou retiro de desintoxicação, aprende a ouvir o teu corpo, para que não ofendas a sua inteligência natural e venhas a sofrer distúrbios mais graves.
Comigo, cada passo será gradual. Cada consciência é essencial. Sim poderá demorar mais tempo - mas o que é isso, se tiveres em conta o tempo que viveste sem dares estes passos?
Aproxima-te, fala comigo, se acreditas na naturalidade e originalidade e na possibilidade de criares uma realidade livre na ligação ao alimento - viver da luz e do amor é o meu porto - é para lá que estou a caminhar!
» Espreita os eventos associados a esta temática e aproveita para te prepares para os 21 dias de silêncio que serão anunciados em breve!
Até já
jcaeiro@live.com.pt
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