12 de janeiro de 2016

A Inteligência e a Paz Interior

Passo a passo, dia após dia, experiência após experiência, sinto cada vez mais a sensação de verdade em toda a minha manifestação. Algo que só se sente e é em simultâneo - algo que não se pode 'ter' ou 'ver de fora'. Tudo o que olho é a verdade em mim e eu sou a verdade nisso. Tudo o que toco, tudo o que experiencio é verdade, é real, é inteiro, é aqui...
Parece banal, mas se entendermos a essência do significado das palavras, percebemos que é isto que de alguma forma todo o ser humano procura.

Quantas e quantas vezes eu me questionei quando era miudo sobre a minha sanidade mental? Quantas e quantas vezes eu dialogava com Deus e me sentia ouvido, sabendo que o ouvinte e Deus era eu mesmo? Quantas e quantas vezes me escondia de uma verdade que era natural e inata em mim?

Foram muitas as vezes que eu próprio quase me hipnotizava para não aceder ao que era verdade e inteiro em mim - só para satisfazer uma sociedade, uma familia, padrões e conceitos sem fundamento do ponto de vista da essência da consciência. Tantas vezes eu pensava que esta minha forma de ver, sentir e ser, teria de ficar camuflada, para poder lidar com o mundo social e ser uma pessoa 'normal'. Tinha de me manter 'escondido' em mim, para que não me descobrissem e me levassem para o mesmo destino de tantos que acabam em loucura e assombrados para o resto da vida com o fantasma da psicose, da loucura ou do desequilibrado esquizofrénico.

Chegou-me esta questão por email: 'JC, não consigo lidar com este mundo cruel, devo procurar um psiquiatra - para poder ser uma pessoa normal!? Pode ajudar-me?!'

O que será mais normal, aquele que questiona a sua normalidade ou aquele que insiste em continuar a fazer mais do mesmo, sabendo à partida qual será o resultado. Será o mundo, virado para o consumismo a referência do 'normal', ou será a sua consciência apoderada da sua inteligência que lhe tenta mostrar outra alternativa?

Procurar um psiquiatra é renegar a sua verdade interior.
A medicação que lhe será dada, poderá atrofiar a sua forma de sentir a vida e abafar a sua inteligência. Se ainda consegue pensar ao ponto de ponderar entre uma coisa e outra, então ainda está na posse da sua inteligência. Não se deixe levar pelo comum comportamento do ser humano, não imite isso - isso não é você!

Por outro lado, não siga as pisadas dos que caminham na fé por uma religião, por um Deus, ou por um milagre associado a uma crença - isso também não faz parte da sua inteligência e do seu mundo interno.

Quando questionamos ou nos sentimos 'separados' de uma realidade que não corresponde ao que desejamos, estamos a usar a inteligência na identificação do que pretendemos e merecemos para experienciar esta existência nesta personagem que encarnámos. Nesse simples detalhe de identificação está presente o que de mais sagrado existe na manifestação da inteligência....

Repare na quantidade de pessoas que não parecem incomodar-se com a realidade em que vivem...! Essas pessoas resolveram apenas imitar o 'certo'... o dito 'normal'. Colocando de parte a possibilidade de manifestarem a sua essência mais pura.

Não façamos confusão entre memória e inteligência. Memória é um conjunto de registos, de dados, que servem apenas na sua limitação objetiva. Inteligência é fluída, é flexível e espontânea, e surge com o questionar, com o 'não ficar satisfeito'. 

É urgente criar condições para se tornar aprendiz de si mesmo. Tornar-se testemunha da sua existência e dar todos os créditos ao que o seu mecanismo interno processa. 

Hoje, ainda são muitas as vezes que olho nos olhos de boas almas e vejo nesse olhar o julgamento acerca da veracidade do que sou. Hoje, apesar de tanto já percorrido, ainda sou muitas vezes confrontado com almas opinantes que até arriscam dizer que 'não estou bem' - quando foram essas almas que me procuraram a pedir uma luz. 

Não se distraia da sua verdade mais profunda. Lembre-se sempre que ninguém vê com os seus olhos, nem ninguém sente com o seu coração.
Atreva-se a pensar e a achar que está certo - mesmo não se sentindo enquadrado na sociedade - pois quando isso acontece, é a sua essência mais pura que está a identificar o que não deseja para a sua existência.

Se questionar a muitas almas sobre o que deve fazer, irão aparecer-lhe milhentas possibilidades e caminhos que supostamente o levarão à iluminação. Tretas!
Remeta-se apenas à sua inteligência e torne-se testemunha da sua existência, Observe-se e dedique tempo a si.

Mil religiões irão dizer-lhe que deve seguir isto ou aquilo, porque é o mais ancestral, o mais antigo, o mais verdadeiro - tretas! A religião mais antiga está desatualizada do homem de agora!

Mil filosofias irão tentar convencê-lo a seguir um padrão de comportamento, de técnicas ou métodos para chegar a si próprio - tretas! Tudo isso servirá apenas para adiar a manifestação da sua verdade interna.

É preciso compreender o mecanismo interno - a forma como a vida se processa, para percebermos tudo isto e aceitarmos que afinal não estamos doidos, e sim iluminados!

No próximo domingo, no Equinostrum, em Faro, no Seminário de meditação, irei abordar esta temática, tentar tornar mais sóbria e clara a tarefa que nos é pedida pela divina lei da vida e ajudá-lo a criar condições para ser livre, até de si mesmo!

A vida não permite ensaios - está sempre no palco como personagem principal.

Portanto, antes de tentar adaptar-se a uma sociedade doente, páre e reflita - pois talvez seja mais louco fazer isso, do que permanecer à parte de uma sociedade diferente!

Até já :-)

jcaeiro@live.com.pt

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