12 de janeiro de 2020

Alcoolismo


Falar ou escrever sobre alcoolismo ou o que faz as pessoas ficarem presas ao vício da bebida, envolve uma complexidade de temas que, não sendo referidos, o conteúdo tornar-se-ia falso ou irreal! 

Influências parentais, hábitos familiares, emoções recalcadas, infância perturbada, violações sexuais, carências afectivas ou financeiras, e tantos outros elementos e aspectos da vida, podem ser perfeitamente a causa e a raiz do vício - uma espécie de 'maldição' difícil e quase impossível de se curar!

Lembro-me que o meu pai me disse aos 15 anos, quando comecei a trabalhar carregando fardos de palha, que deveria seguir o exemplo dos outros homens e beber um copo de aguardente pela manhã cedinho, se quisesse ser um homem com H grande! Ainda consigo lembrar-me da sensação de poder associado ao acto de beber a aguardente e o prazer que sentia ao ser acolhido no grupo dos mais velhos.

Falar desta temática obriga-nos naturalmente a falar de emoções, de auto-aceitação e inclusão.
São as emoções que nos movem e a ideia que criamos de nós próprios no mundo e em nós próprios, que nos tornam uma coisa ou outra. A ideia de ter de fazer parte de um sistema social aparentemente 'normal', leva a maior parte do ser humano a esconder-se até de si mesmo, por vezes, uma vida inteira.

Sensíveis, honestos, no que toca ao carácter e à persona em si e julgados na maior parte das vezes pelos que mais amam, estas pessoas vivem uma realidade interior distorcida e fragmentada.
Distorcida, pela forma como em si mesmos se auto-projectam e criam expectativas sem fundamentos. Fragmentada, pela forma como a acção mental e emocional se processa - adulterada pelos picos de euforia livre e pela ilusão densa que o subconsciente vai criando episódio após episódio.

Mas existe uma cura para esta situação?
Acredito que sim.

Ao longo de alguns anos, colaborei com a Clínica Dr. Manuel Pinto Coelho que tratava toxidodependentes e, devido a toda experiência já vivida com familiares próximos, senti-me 'puxado' para um maior entendimento e disponibilidade, no sentido de encontrar uma saída para estas pessoas que se vêem encurraladas pela sua dependência. Aprendi a escutar e a observar mais estas realidades, com o intuito de tentar ajudar quem estava próximo.

Mais tarde, após o meu despertar, foi-me concedido o entendimento que, para haver cura, teria de haver nova programação a nível neural/celular. Programação de novos comportamentos, acções, escolhas, hábitos e cenários.
Os valores, crenças e a forma como a estrutura emocional e neural funcionam, são aspectos a ter em conta, para se criar o alinhamento nessa mesma programação.

Existem algumas comunidades e instituições que foram criadas para este efeito, em que procedem a desintoxicação através de medicação específica, actividades e programas específicos. No entanto, e devido aos custos associados, a maior parte dos casos não conseguem dar continuidade ao que se inicia nesses lugares após a sua saída dos lugares.

Continuo a acreditar que é possível fazer algo para salvar estas pessoas das malhas do vício.
Sim, sabemos que a primeira pessoa a ter de querer a cura é a própria envolvida, mas como esperar uma escolha assertiva de uma mente que vive atolada e conspurcada por fantasmas desfragmentados e utopias emocionais alimentadas pela densidade da solidão dolorosa?

Percebi e aprendi a dar o primeiro de todos os passos na forma como lido com esta realidade - especialmente quando se trata de pessoas que amamos - aprendi a ACEITAR em AMOR, a escolha da pessoa. Mesmo sabendo que não era a melhor escolha, percebi que a única tarefa que estava ao meu alcance, era AMAR verdadeiramente aquela existência. Para alguém que só tem recordações do seu pai com bebida, amar e aceitar um ser que amamos, nas condições mais adversas, exige uma grande dose de verdade. E digo-vos é transformador!

Tu que me lês, e vives esta realidade, não tenhas vergonha de assumir a tua fragilidade.
Talvez a tua existência não se enquadre nesta realidade actual em que vivemos. 
Talvez te sintas 'à parte' ou 'diferente'. Seja como for, assume isso em ti, e aceita o desafio de dares a mão a alguém que confies e te possa guiar, proteger, cuidar, nas tuas escolhas e caminho, de forma incondicional e desinteressadamente em AMOR.

Uma das coisas que percebi, em toda a minha experiência com esta realidade, é que por detrás do vício está um GRANDE SER. Um SER HIPER SENSÍVEL, inteligente e integro!
Um ser esperto, astuto, pró-activo e determinado.

Acredito que posso ajudar-te.
Mas o primeiro passo terá de ser teu.
Desenvolvi e criei exercícios e estratégias que poderão ajudar-te a criar um novo horizonte!

Acredito em ti! Acredito que és capaz!
Porque tudo o que te faz criar essa realidade que vives agora, é mil vezes mais complexo do que a criação da realidade da liberdade de seres tu mesmo aqui!

Abraço-te no silêncio da presença incondicional.

O meu contacto: jcaeiro@live.com.pt ou 960 059 885 (sms)