30 de abril de 2016

As árvores sentem


Nesta minha ultima visita a Cuba, como em todas as vezes que lá vou, deixo-me envolver pela beleza das seivas centenárias que por lá habitam - árvores semelhantes a estas da imagem - que parecem lembrar-me o quanto centenário também sou (e somos) :-)

Mas mais do que isso, perante estas magníficas existências, consigo sentir mais claramente, o que sentia quando em criança me enroscava e procurava o colo da mãe árvore - o aconchego e uma espécie de comunicação subtil, ao nível da consciência - que me faz querer aproximar e escutar a sua simples e silenciosa existência.

Acredito que tudo o que existe e se expressa através do mecanismo 'vida', está naturalmente vivo. Acredito que cada existência, à sua maneira, manifesta a sua forma de sentir e de comunicar com existências que se conectam mais directamente.

É o que se passa entre mim e as árvores - o apelo prazeroso e viciante que sinto quando estou perante uma grandiosa obra da mãe terra.
Antes, quando criança, deitava-me debaixo das alfarrobeiras, no caminho do Barrocal, e deixava-me embalar pelo colo que o tronco daquela árvore me dava. Deixava-me 'entrar' dentro dela e naturalmente sentia-me parte do seu existir.
Um universo infinito parecia emergir desse interior que me mostrava o quanto eu também era essa árvore.

Em Cuba, pela grandiosidade destas obras, pela sua singularidade e presença, consegue-se sentir até o seu respirar. A sua forma, silenciosa e calma, convida-nos a aceitar a possibilidade que estamos a comunicar com ela, e sim as árvores sentem.

Por várias vezes, nas minhas meditações e conexões mais directas com árvores, senti o seu delicioso comunicar. Quanto mais nos entregamos à experiência, seja isso criado pela nossa força interna criadora ou não, o que é certo é que beneficiamos de uma sensação de amor profundo pela vida que ali habita.

Quanto mais entregues estamos à magnifica fluidez da vida, à sua naturalidade, maior é a capacidade de sentir e ser em sincronia como todos os elementos e com tudo o que se reconhece como vida ou existência. Quanto mais despojados estivermos de todos os clichés, conceitos, crenças e ideias, mais facilmente percebemos que afinal a comunicação acontece entre tudo o que existe e pulsa vida.

Portanto, sempre que passares perto de uma árvore, lembra-te de ao menos lhe sorrires e manifestares intenção de amor e gratidão por ela fazer parte da tua existência. Acaricia as suas ramagens, abraça o seu tronco e deixa-te guiar por esse som existencial, que, quase silencioso, te transportará ao mais profundo de ti mesmo.

A dimensão de tudo isto só será possível e real, se antes, conseguires viver a dimensão de ti mesmo em toda a sua totalidade - é isso que estás a fazer neste momento?

Até já


Consciência desperta é viver no agora... é ser em tempo real com a magia da força criadora que nos envolve e torna possível esta realidade, tal como a conhecemos, e toda a sua complexidade envolvente.
 
Por mais técnicas e métodos que se usem, na abordagem terapêutica à problemática da existência racional e emocional do homem, o tempo e a realidade da criação não nos permite espaço, para a separação - o que observamos e somos é inseparável de todo o banco de dados assimilado em toda a história vivida.
 
Para resolver questões sobre o passado, a única forma de o fazer é viver o presente. Caso contrário estará a mergulhar novamente nesse passado que já não lhe interessa viver outra vez!
 
As projeções que o homem faz para o futuro, na tentativa de estabelecer um futuro mais sorridente e de acordo com a sua vontade, faz com que ele próprio se distancie da única possibilidade que tem em criar o que mais deseja alcançar.
 
Viver o AGORA, ser livre para sentir toda a essência da vida, em celebração, só é possível com a tomada de consciência do que somos.
 
E o que somos?
Somos existências livres e únicas, processando num modo racional, emocional, energético, mental, lógico e espiritual, ligadas à Fonte Primordial - que é o mesmo que dizer - ligadas à origem do próprio universo criador.
 
O que habitualmente definimos  como identidade ou história, é apenas e só isso mesmo - não é o que somos na verdade! O que somos encontra-se antes de qualquer registo, memória, história ou crença - e só isso nos pode libertar das malhas do medo, permitindo-nos assim viver em profunda conexão com a vida e toda a sua magnificência.
 
Consciência Desperta = Inteligência + Liberdade
 
O uso da inteligência natural e única em cada ser, foi gradualmente abafado pelas crenças dos ideais, pelas religiões, pela crença de algo superior a nós - quando na verdade é graças a essa inteligência que tudo isso cria o seu espaço na vida e realidade de cada um.
 
A liberdade, condenada pela necessidade do poder e de um possuir ilusório, tem sido ultrajada ao longo de séculos, pela força do ego do mundo, que se limita apenas a seguir o que conhece ou dá por 'mais certo' e 'comprovado'. A verdadeira liberdade acontece dentro de cada ser - e só é válida e verdadeira, quando o ser a identifica e goza da sua essência livre em ser!
 
Ser uma consciência desperta, é fazer uso dessa inteligência e ser em liberdade, usufruindo de tudo o que a vida tem para nos dar, fluidamente e naturalmente.
 
Mais do que técnicas, métodos e terapias, é necessário abrir as portas do coração à possibilidade de estarmos 'errados' e investir na verdade que nos assiste desde o inicio - encontrar o ponto de equilíbrio - o ponto do meio - onde podemos ser na totalidade, sem reservas ou frustrações tontas.
 
A existência, quando vibra consciência desperta, vê tudo desperto à sua volta.
Vê perfeição, vê magia, sincronicidade e naturalidade - porque é isso que ela é!
 
O meu papel, é apenas ser uma espécie de catalisador, que te ajuda a pensar e a encontrar esse meio, que te permite encetar o 'caminho' da iluminação, onde perceberás que a única tarefa da existência é ser esse caminho somente!

4 de abril de 2016

Até já


Chegou o tempo e a hora...
Sou a deliciosa brisa que me abraça.
Sou a sombra que me envolve e me convida a amar, sempre e cada vez mais.
Sou a luz que me expande e me obriga a lembrar da minha humilde existência aqui.

Um dia, uma lágrima rolou no meu rosto.
'... Francisco depois de Jesus' foi a expressão responsável por este acordar de um sono profundo, mas consciente. Aos 33 anos.
Hoje, após 9 anos de entrega à existência aprendiz, encerro mais um ciclo e recomeço - com a mesma pele fininha... com a mesma sensação de pele subtil... membrana da alma que me faz pairar e somente ser...

Nada mais quero... nada mais quis desde aquele dia - 26/05 de 2007 - entendi que apenas precisava ser fiel a mim mesmo e assumi o compromisso.
Agora, neste fim de tempo, apenas me deixo levar pela essência mais pura do momento... do que é original e único e sou...

Durante cerca de 22 dias estarei em retiro, a olhar para estes 9 anos de percurso e a despir a pele que já nada me diz...

Serei um fora de lei... um sem abrigo... um viajante de mochila às costas, sem eira nem beira, se assim tiver de ser, mas seguirei sempre a verdade que me torna livre até de mim mesmo!

Portanto, qualquer questão envia email - no local onde vou estar não terei acesso à internet. Ou aguarda pelo dia 27/04, o dia em que eu regresso a terras lusas.

Até lá, convido-te a viajares no meu blog, no meu face e a analisar a minha postura relativamente à verdade e ao que mais te toca e no final faz um comentário, um testemunho da tua existência ou apenas uma reflexão que te eleve o coração!

Estarei sempre aqui... e aí, no teu coração.

Sê, acima de tudo sê tu mesmo - sem tretas, nem esquisitices!
Não sigas nada nem ninguém - segue-te a ti próprio e mantem-te original!
Assume o compromisso contigo mesmo em tornares cada dia uma experiência magnifica e digna de celebração - lembra-te que cada dia é único... e que o amanhã nunca chegará!

Acima de tudo VIVE!

Abraço-te em profunda gratidão por tanto que me tens dado e contribuído para o que sou.

Até já

JC