Por mais informação que exista, por mais práticas que se criem, parece que ainda existem algumas dúvidas sobre a forma como encontrar a paz interna.
Uns, ainda associam a iluminação, ao desenvolvimento de condições especiais, que envolve poderes psíquicos transcendentais... outros, por estarem saturados de 'tretas' do 'espiritual', nem sequer querem olhar para esta matéria e tentar perceber um pouco mais da sua essência.
Será que o único caminho para a paz interior e viver feliz é a meditação?
O que é a meditação e que sensações se vivem nesse estado? Como actua a mente em meditação... ou será que deixa de actuar?
A mente é o teu motor principal - é ela que processa o que és e o que não és.
Quando a mente está sem pensamento, sem preocupações, é meditação, é paz.
Meditação é uma acção que envolve a criação do foco no interior. Seja em movimento, a realizar uma actividade que amas fazer (jardinagem, andar de bicicleta, pintar...), ou simplesmente sentado a olhar para dentro ou a contemplar o cenário que te envolve, meditar é estar e ser com a totalidade de ti mesmo - só isso!
A mente, como processador central da tua existência em ti, organiza-se sempre de forma a poder corresponder com o essencial e habitual. A tua tarefa é dar-lhe instruções diferentes, para que ela comece a processar outras possibilidades.
É preciso entenderes algo muito importante - se todos somos tendo por base a actividade mental, então, naturalmente que, TODOS temos de passar por um ajuste determinado ao nível de processamento mental/emocional - quer queiramos ou não.
Essa história que criámos de que - 'cada um tem a sua verdade' - fez com que o ser humano se encostasse à 'sombra da bananeira' e acomodasse no esquecimento preguiçoso do que existe a fazer.
TODOS temos esse processamento a funcionar de base, portanto, a meditação, a serenidade desse processamento, a clareza... tudo isso passa por um processo de entrega e acção que envolve esse mesmo processamento.
Entendamos um aspecto fundamental - a mente só não está a processar pensamentos quando está em sono profundo ou em meditação.
Se estás ciente, presente e os pensamentos desaparecem - então é meditação. Se os pensamentos desaparecem e deixas de estar ciente, então é sono profundo.
Precisamos aceitar que, tentar resolver questões internas, de 'fora para dentro' não dá resultado - precisamos antes de tudo compreender todo o mecanismo interno.
A grande diferença - essencial - entre o sono profundo e a meditação, é que no sono profundo a consciência desaparece, e na meditação a consciência permanece. Podemos então considerar que, a meditação é uma espécie de sono profundo + consciência - o que nos dá uma capacidade de presença tal que nos permitirá aceder a todas as portas internas dos mistérios mais profundo da existência.
Muitos ainda procuram o extremo - procuram o estado alterado, de forma a poderem ser 'ausentes' e livres internamente (algo que se consegue através de práticas como consumo de drogas e afins) ou então, insistem em permanecer em expressões que revelam alguma discordância com a coerência existencial humana - falar sempre no mesmo e da mesma forma!
Em verdade te digo, por em mim ter sido vivido e experienciado - o que se pretende é 'dançar' livremente na lembrança de que o que somos verdadeiramente é o meandro... esse pulsar original, antes do nome, e de qualquer cosia que nos identifique como 'tal'.
Não será com certeza, objectivo primordial sermos como 'zombies', ou presenças alucinadamente iluminadas, pois na verdade, só nos conseguimos mover na 'não mente' integralmente e naturalmente no sono profundo.
A não mente, esse espaço onde não existe processamento humano, é o que somos - é a criação é deus - algo que se consegue de uma forma consciente, viável e favorável à nossa evolução só através da meditação!
Enquanto no sono profundo, viajas livremente nesse oceano sem processamento, que te permite descansar e acordar fresco e com energia renovada, na meditação podes alcançar o mesmo, só com a grande e essencial diferença de que estás ciente disso!
Portanto, sê meditando e medita para ser!
Joaquim Caeiro
jcaeiro@live.com.pt
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