Nesta minha ultima visita a Cuba, como em todas as vezes que lá vou, deixo-me envolver pela beleza das seivas centenárias que por lá habitam - árvores semelhantes a estas da imagem - que parecem lembrar-me o quanto centenário também sou (e somos) :-)
Mas mais do que isso, perante estas magníficas existências, consigo sentir mais claramente, o que sentia quando em criança me enroscava e procurava o colo da mãe árvore - o aconchego e uma espécie de comunicação subtil, ao nível da consciência - que me faz querer aproximar e escutar a sua simples e silenciosa existência.
Acredito que tudo o que existe e se expressa através do mecanismo 'vida', está naturalmente vivo. Acredito que cada existência, à sua maneira, manifesta a sua forma de sentir e de comunicar com existências que se conectam mais directamente.
É o que se passa entre mim e as árvores - o apelo prazeroso e viciante que sinto quando estou perante uma grandiosa obra da mãe terra.
Antes, quando criança, deitava-me debaixo das alfarrobeiras, no caminho do Barrocal, e deixava-me embalar pelo colo que o tronco daquela árvore me dava. Deixava-me 'entrar' dentro dela e naturalmente sentia-me parte do seu existir.
Um universo infinito parecia emergir desse interior que me mostrava o quanto eu também era essa árvore.
Em Cuba, pela grandiosidade destas obras, pela sua singularidade e presença, consegue-se sentir até o seu respirar. A sua forma, silenciosa e calma, convida-nos a aceitar a possibilidade que estamos a comunicar com ela, e sim as árvores sentem.
Por várias vezes, nas minhas meditações e conexões mais directas com árvores, senti o seu delicioso comunicar. Quanto mais nos entregamos à experiência, seja isso criado pela nossa força interna criadora ou não, o que é certo é que beneficiamos de uma sensação de amor profundo pela vida que ali habita.
Quanto mais entregues estamos à magnifica fluidez da vida, à sua naturalidade, maior é a capacidade de sentir e ser em sincronia como todos os elementos e com tudo o que se reconhece como vida ou existência. Quanto mais despojados estivermos de todos os clichés, conceitos, crenças e ideias, mais facilmente percebemos que afinal a comunicação acontece entre tudo o que existe e pulsa vida.
Portanto, sempre que passares perto de uma árvore, lembra-te de ao menos lhe sorrires e manifestares intenção de amor e gratidão por ela fazer parte da tua existência. Acaricia as suas ramagens, abraça o seu tronco e deixa-te guiar por esse som existencial, que, quase silencioso, te transportará ao mais profundo de ti mesmo.
A dimensão de tudo isto só será possível e real, se antes, conseguires viver a dimensão de ti mesmo em toda a sua totalidade - é isso que estás a fazer neste momento?
Até já
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