28 de abril de 2019

Relacionamentos | O arquétipo do orfão

Arquétipos são uma espécie de personagens que vamos criando ao longo da nossa formação como pessoas. Criamos arquétipos de inocentes, de heróis, de mestres, de aprendizes, de orfãos... e de tudo o que a vida e o meio onde vivemos nos ajuda  a criar, de acordo com a experiência vivida e as associações que vamos realizando.

São estes arquétipos que se encontram na base emocional ou estrutura do individuo e o tornam mais incisivo numa ou noutra forma de estar e ser.

Hoje gostaria de vos escrever sobre o arquétipo do orfão.

O arquétipo do orfão, é representado por vibrações e comportamentos emocionais que se traduzem como referências de abandono, insatisfação permanente associado à experiência do momento, vida constantemente projectada para um futuro próximo, desconfiança, necessidade de 'ser o melhor', constante competição no relacionamento afectivo e tentativa de ofuscar a presença daquele que mais próximo está, com as tradicionais acusações oportunas, relacionadas com a 'birra' da criança orfã que procura desesperadamente a atenção dos demais. A necessidade de aprovação e de corresponder aos padrões instituídos pelo colectivo ou sociedade, tornam-se os comandos principais das pessoas que evidenciam este tipo de arquétipo.

Os arquétipos actuam de forma diferente em cada indivíduo, dependendo da sua estrutura de criação original. De alguma forma podemos assumir que todo o ser humano se faz acontecer tendo por base uma série de arquétipos semelhantes - o herói, o falhado, o mestre, o aprendiz, o pai, a mãe, o irmão.... - no entanto, para que possamos entender o arquétipo predominante da pessoa que é alvo da nossa atenção (seja num relacionamento afectivo, familiar, área profissional ou outro), precisamos aceitar a possibilidade de olhar para o individuo de forma neutra e vê-lo exactamente como ele é, sem julgar ou opinar seja o que for de forma a identificar o arquétipo mais influente.

O comportamento de cada pessoa é definido na sua essência pelo seu arquétipo dominante.
Basta estar atento e usar um pouco da sensibilidade natural que todos possuímos, para perceber se a pessoa em causa é mais 'Alfa' ou dominante, mais passiva, mais 'apagada', manipuladora, envergonhada ou pelo simples aspecto físico exterior perceber o grau da sua excêntrica personalidade.

O arquétipo do orfão, é um arquétipo que se encontra na base de uma pessoa que, ora se traduz como alguém que está sempre à procura de atenção, ora se traduz como alguém que está alienado completamente do cenário em que se encontra inserido, após perceber que não consegue a atenção desejada.

Analogamente, este arquétipo, como a maior parte dos arquétipos relacionados e apoiados pela carência emocional e afectiva da criança, relaciona-se e atrai arquétipos semelhantes, na sua essência para tentar colmatar o 'vazio' existente, procurando de alguma forma a identificação com o arquétipo orfão que se apoderou do herói e da presença. 

Este tipo de ligações, resulta em relacionamentos entre duas pessoas completamente diferentes uma da outra e promovem a evolução do individuo enquanto pessoa, pela experiência da variante 'competição base'. O facto de existirem dois orfãos de base a vibrar na sua essência a vibração de necessidade de validação e reconhecimento, tornam este tipo de ligações uma plataforma de apoio mútuo na conquista do discernimento necessário ao entendimento da vida e do papel que cada um tem em si mesmo e no relacionamento.

Obviamente, tudo isto é possível após as grandes intempéries iniciais do relacionamento. Sobrevivendo a isso, os envolvidos ficarão aptos e disponíveis, de acordo com o seu arquétipo mais próximo do arquétipo orfão, a crescer e a evoluir para o melhor de si mesmos, como humanos.

JC 💜

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