11 de janeiro de 2017

As crenças e a autenticidade


Artigo Publicado na Revista Zen Energy
Páginas 34,35 - Edição Janeiro 2017

As crenças e a autenticidade do individuo
Com o início de um novo ano, existe sempre uma espécie de motivação natural ou maior disponibilidade para olharmos para a realidade em que vivemos e perceber se devemos continuar a agir da mesma forma, ou se teremos de modificar algum tipo de comportamento para criarmos o que desejamos. Identificar esta necessidade será sempre o mais fácil – o mais difícil está mesmo em colocar em prática o que sabemos e tomamos por ‘certo’ e identificar procedimentos mais coerentes que ressoem com o que desejamos.

Corremos atrás de respostas, procuramos um sem fim de possibilidades para nos tentarmos entender e ‘melhorar’, mas na maior parte das vezes não fazemos o essencial e mais importante – parar e olhar para dentro… parar e assumir a responsabilidade total sobre tudo o que existe, habita e é em nós!

Como motor e mecanismo impulsionador desta ação espontânea, identificadas e traduzidas muitas vezes como verdadeiras necessidades, encontram-se as nossas crenças.
É o que acreditamos que nos faz mover numa determinada direcção e agir.
De alguma forma, é esta plataforma de crença que nos faz erguer todas as manhãs e dar continuidade ao que havíamos começado, feito ou vivido no dia anterior. É o que acreditamos que nos faz levantar a cabeça e sorrir. É o que acreditamos que nos faz baixar a cabeça e chorar. A crença é, na verdade, parte integrante da existência humana. Somos um todo em simultâneo, e o que vibramos está directamente associado ao que acreditamos. A nossa saúde mental, emocional, espiritual… a nossa harmonia energética e total, estão diretamente associadas ao mecanismo crença. Com tudo isto quero dizer que, é impossível separar-nos da crença, mesmo que o façamos, entraremos noutro tipo de crença que sustenta a suposta inexistência de crença.

Já é tempo de entendermos qual o papel da crença nas nossas vidas e a sua importância na concretização da nossa verdade pessoal e global.
Precisamos urgentemente tornar-nos aliados inteligentes deste mecanismo que até hoje, já fez centenas de milhares de vítimas, em prol de religiões, filosofias e mecanismos políticos, em vez de continuarmos a camuflar vontades, desejos, comportamentos e ações, referindo uma suposta extinção da crença, quando na verdade estamos a contruir uma ainda maior que a anterior.

Por várias vezes ouvi este tipo de afirmação: ‘JC, sou uma pessoa diferente, sinto-me mais forte e mais inteira, abandonei a igreja e tornei-me reikiana!’ Eu perguntava de seguida: ‘E qual a razão pela qual me procurou?’ Resposta: ‘Apesar de me sentir inteira, sei no fundo de mim mesma que existe algo por descobrir, algo que é ‘maior’ e me fará sentir ainda mais plena..!’ Eu digo: ‘Pois é minha querida, o facto de termos deixado de acreditar numa igreja e passarmos a acreditar numa filosofia, não muda nada. Se tivesse deixado de acreditar na igreja, para começar a acreditar em si mesma, então aí sim, teria encontrado essa verdade que tanto sente existir no fundo de si mesma.’

Precisamos compreender e aceitar a verdade que somos, usando o mecanismo crença – o mesmo mecanismo que nos afastou de nós próprios – só assim se tornará possível a construção de uma realidade ideal, mais feliz, mais inteira e verdadeira. Como o podemos fazer? Dando-nos à experiência vivencial de tudo o que nos faz sentir bem e lembrar de alguma forma a conexão verdadeira ao nosso maior desejo futuro ou ideal de ‘amanhã’.

O ser humano é demasiado previsível e programável. Adaptando-se a todas as realidades – e ainda bem que assim o é – constrói facilmente ideais e crenças, só para continuar a esconder-se de si mesmo e da sua própria luz interior. Convencido que está no melhor caminho de todos e naquele que se pode traduzir como ‘comportamento’ ideal, continua a distribuir ‘cartadas’ como se estivesse a expressar algo verdadeiramente único e transformador para o ser humano, quando na verdade, sem a desmistificação de todo o mecanismo existencial, acaba por criar ainda mais mecanismos limitadores que fazem o ser humano acreditar que ainda está muito afastado e distante do seu verdadeiro potencial.

Neste início de ano, sejamos então mais conscientes, responsáveis e cientes da nossa tarefa maior – sermos autênticos e nós mesmos! Na verdade é tudo o que nos é pedido. Só depois de o sermos, construiremos condições para encetar o tal ‘caminho’ ou consciência que nos levará à total compreensão da existência.

Feliz e próspero 2017, em amor e paz

Joaquim Caeiro
Psicoterapeuta da Alma & Life Coach


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