Artigo Publicado na Revista Zen Energy
Páginas 34,35 - Edição Janeiro 2017
As
crenças e a autenticidade do individuo
Com o início de um novo ano,
existe sempre uma espécie de motivação natural ou maior disponibilidade para
olharmos para a realidade em que vivemos e perceber se devemos continuar a agir
da mesma forma, ou se teremos de modificar algum tipo de comportamento para
criarmos o que desejamos. Identificar esta necessidade será sempre o mais fácil
– o mais difícil está mesmo em colocar em prática o que sabemos e tomamos por
‘certo’ e identificar procedimentos mais coerentes que ressoem com o que
desejamos.
Corremos atrás de respostas,
procuramos um sem fim de possibilidades para nos tentarmos entender e
‘melhorar’, mas na maior parte das vezes não fazemos o essencial e mais
importante – parar e olhar para dentro… parar e assumir a responsabilidade
total sobre tudo o que existe, habita e é em nós!
Como motor e mecanismo
impulsionador desta ação espontânea, identificadas e traduzidas muitas vezes
como verdadeiras necessidades, encontram-se as nossas crenças.
É o que acreditamos que nos
faz mover numa determinada direcção e agir.
De alguma forma, é esta
plataforma de crença que nos faz erguer todas as manhãs e dar continuidade ao
que havíamos começado, feito ou vivido no dia anterior. É o que acreditamos que
nos faz levantar a cabeça e sorrir. É o que acreditamos que nos faz baixar a cabeça
e chorar. A crença é, na verdade, parte integrante da existência humana. Somos
um todo em simultâneo, e o que vibramos está directamente associado ao que
acreditamos. A nossa saúde mental, emocional, espiritual… a nossa harmonia
energética e total, estão diretamente associadas ao mecanismo crença. Com tudo
isto quero dizer que, é impossível separar-nos da crença, mesmo que o façamos,
entraremos noutro tipo de crença que sustenta a suposta inexistência de crença.
Já é tempo de entendermos qual
o papel da crença nas nossas vidas e a sua importância na concretização da
nossa verdade pessoal e global.
Precisamos urgentemente
tornar-nos aliados inteligentes deste mecanismo que até hoje, já fez centenas
de milhares de vítimas, em prol de religiões, filosofias e mecanismos
políticos, em vez de continuarmos a camuflar vontades, desejos, comportamentos
e ações, referindo uma suposta extinção da crença, quando na verdade estamos a
contruir uma ainda maior que a anterior.
Por várias vezes ouvi este
tipo de afirmação: ‘JC, sou uma pessoa diferente, sinto-me mais forte e mais
inteira, abandonei a igreja e tornei-me reikiana!’ Eu perguntava de seguida: ‘E
qual a razão pela qual me procurou?’ Resposta: ‘Apesar de me sentir inteira,
sei no fundo de mim mesma que existe algo por descobrir, algo que é ‘maior’ e
me fará sentir ainda mais plena..!’ Eu digo: ‘Pois é minha querida, o facto de
termos deixado de acreditar numa igreja e passarmos a acreditar numa filosofia,
não muda nada. Se tivesse deixado de acreditar na igreja, para começar a
acreditar em si mesma, então aí sim, teria encontrado essa verdade que tanto
sente existir no fundo de si mesma.’
Precisamos compreender e
aceitar a verdade que somos, usando o mecanismo crença – o mesmo mecanismo que
nos afastou de nós próprios – só assim se tornará possível a construção de uma
realidade ideal, mais feliz, mais inteira e verdadeira. Como o podemos fazer?
Dando-nos à experiência vivencial de tudo o que nos faz sentir bem e lembrar de
alguma forma a conexão verdadeira ao nosso maior desejo futuro ou ideal de
‘amanhã’.
O ser humano é demasiado
previsível e programável. Adaptando-se a todas as realidades – e ainda bem que
assim o é – constrói facilmente ideais e crenças, só para continuar a
esconder-se de si mesmo e da sua própria luz interior. Convencido que está no
melhor caminho de todos e naquele que se pode traduzir como ‘comportamento’
ideal, continua a distribuir ‘cartadas’ como se estivesse a expressar algo
verdadeiramente único e transformador para o ser humano, quando na verdade, sem
a desmistificação de todo o mecanismo existencial, acaba por criar ainda mais
mecanismos limitadores que fazem o ser humano acreditar que ainda está muito
afastado e distante do seu verdadeiro potencial.
Neste início de ano, sejamos
então mais conscientes, responsáveis e cientes da nossa tarefa maior – sermos
autênticos e nós mesmos! Na verdade é tudo o que nos é pedido. Só depois de o
sermos, construiremos condições para encetar o tal ‘caminho’ ou consciência que
nos levará à total compreensão da existência.
Feliz e próspero 2017, em amor
e paz
Joaquim Caeiro
Psicoterapeuta da Alma &
Life Coach
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