6 de janeiro de 2015

Relacionamentos

Falamos em relacionamentos, criamos estratégias para desenvolver relacionamentos mais felizes, inventamos métodos para compreender a forma como nos relacionamos, estudamos, analisamos e mesmo assim ainda parece existir alguma dificuldade em entender e aceitar a origem de todos os relacionamentos.
Alcançamos estados de consciência que nos fazem crer que estamos em paz e vibramos amor, mas mesmo assim algo em nós parece não ficar sossegado, no que diz respeito à forma como nos entregamos ao mundo, à vida, aos outros e a nós próprios.

Quando percebemos que tudo começa e termina em nós, que somos os autores e co-criadores de tudo o que existe e é na nossa vida, torna-se mais fácil perceber o papel que desempenhamos na construção de todos os relacionamentos que desenvolvemos.
Pode até ser uma forma mais fácil de encarar as coisas - mas sejamos honestos, de que adianta continuar a fazer mais do mesmo? De que adianta continuar a responsabilizar o outro, a família, os amigos, a sociedade, por algo que só temos acesso?!

Um relacionamento feliz, seja ele em que campo for - amoroso, amizade, família, sociedade, ... - desenha-se e acontece quando os intervenientes estão conscientes do seu papel em si mesmos na ligação ao outro.

Durante algum tempo ainda acreditámos que para existirem relacionamentos felizes, tudo teria de se 'converter' à espiritualidade - mas hoje já sabemos que isso era apenas mais uma treta do ego. Uma tentativa em sacudir responsabilidades e arranjar forma de culpabilizar o outro por algo que ele próprio não tinha coragem de enfrentar ou assumir.
Ainda hoje, nos livros, nas terapias, são feitas abordagens deste género.

Após todos estes anos de entrega à minha verdade e a um caminhar sóbrio e consciente de quem sou e qual o meu papel em mim e na vida, acredito que a única forma de construir relacionamentos mais felizes é começar pelo zero, pela raiz.

E onde se situa o zero e essa raiz?
Nós próprios e quem questiona.

No início do meu trabalho, uma senhora procurou-me e começou a frequentar as meditações com o objectivo construir um relacionamento mais feliz e alcançar condições para mudar o marido.
Eu perguntava-lhe: Como podes desejar mudar alguém que amas e vive contigo? Será que já não amas? Até que ponto és tu que não te amas a ti mesmo e reflectes isso no relacionamento com ele?
A senhora concluiu que afinal era ela que tinha criado expectativas sem fundamento. Idealizou uma pessoa que nem existia e depois decepcionou-se.

Devido à forma como nos foi incutido a temática 'relacionamentos', baseado em competição, em interesses, em comparação, crescemos com a ideia ao nível do subconsciente que tem de existir um propósito, uma razão, um fundamento palpável, para qualquer relacionamento acontecer. Esta postura condiciona automaticamente a forma como nos entregamos, pois o mais harmonioso seria viver apenas o relacionamento como tal, sem pensar sequer nisso.

Por vezes, esposas ficam indignadas quando digo que o marido que não acredita em nada e que não segue nenhuma religião ou linha espiritual está mais resolvido que elas - não será a afirmação na existência como pessoa a verdadeira essência da espiritualidade?

Obviamente que existem casos e casos. No entanto, são muitas as situações que estão assombradas por falsos julgamentos.

Deixe-mo-nos de fantasias irrealistas e de uma vez por todas vamos assumir a verdade - quem pensa dentro de nós? Quem sente dentro de nós? Quem habita dentro de nós? Quem tem acesso a tudo o que somos? Apenas nós mesmos! Então quem é responsável por qualquer ligação ou relacionamento que se estabeleça? Nós próprios.

O que compete ao outro é do outro. Se cada um se ocupar com a sua parte, deixará de existir competição, necessidade de comparação ou não aceitação - porque ambos sabem que são únicos.

É aqui que entra este trabalho - lembrar-te que apenas precisas de te lembrar quem és, para permitires que os outros sejam quem são.

Iremos abordar esta temática no dia 17/01 no Seminário de Relacionamentos, onde serão criadas condições através de meditação, exercícios vivenciais e partilha do que somos, para entendermos melhor esta temática.

Lembra-te que a única tarefa é seres tu mesmo!
Para seres tu mesmo, em simultâneo, deverás observar a forma como 'permites', ou a forma como lidas com o facto dos outros serem eles mesmos.

Se estás desperto, se acreditas em algo mais do que a vida e tu próprio te mostraram, é porque existe algo em ti que deves observar - talvez não estejas tão certo de quem realmente és, ou não tenhas aceitado ainda a possibilidade de teres de ser tu a 'mudar'!

Alguma questão por favor escreve-me: jcaeiro@live.com.pt

Abraço fraterno

Até já

JC

Sem comentários:

Enviar um comentário