Quantos de nós passámos a maior parte da vida, a procurar no relacionamento afectivo, a presença do pai ou a presença da mãe? Até quando continuaremos a repetir estes padrões e a agir como se não tivesse ao nosso alcance a resolução desta questão e a escolha de outra possibilidade mais madura e consciente? Porque será que, na maior parte dos relacionamentos, a questão problemática mais evidente, está sempre relacionada com a sintonização ideal ou a necessidade de mútuo entendimento no que diz respeito a desejos, objectivos ou formas de estar - quando antes tudo parecia tão perfeito? Quantas vezes nos deparamos com competições dentro dos relacionamentos, em que aparentemente e insconscientemente, procuramos a aceitação e aprovação plena do outro?
Qualquer ser humano, seja em que situação for, procura naturalmente e inconscientemente - como todos os animais o fazem também - a referência maior que possa representar a sua existência. O menino, desde os primeiros sinais de concepção da realidade e entendimento, começa a olhar para a figura do pai, no sentido de construir a sua própria realidade existencial. O mesmo se passa com a menina - que procura na figura da mãe, referências que possam construir a sua realidade existencial como menina.
Na condição oposta, o menino, olha para a sua mãe e, lentamente estabelece uma ligação de verdade, ou assume a sua mãe como modelo, para o desenvolvimento do relacionamento ideal com a mulher. O mesmo se passa ao contrário - a figura do pai, para a menina, representará de alguma forma a possibilidade de ela construir uma possibilidade de se relacionar com o homem.
Após cerca de 13 anos como terapeuta, com mais de 10000 atendimentos e situações que me permitiram observar e perceber o ser humano e naturalmente, mais ainda a minha própria condição existencial, percebi que esta questão encontra-se na base da nossa própria resolução, como seres humanos.
Vários são os factores que, nos podem empurrar para um ou outro comportamento ou a criação de crenças e limitações, que nos levam a criar uma ideia determinada do que devemos ser ou não, como homem ou mulher ideal.
Numa sociedade envolvida pelo medo, pela competição e por uma espécie de hipnotismo 'confortável', somos condicionados e criados tendo por base a ideia de um ideal, um modelo ou exemplo 'comprovado' a seguir.
Não fosse a falta de consciência ou o esquecimento da nossa natureza mais pura, tudo isso poderia servir perfeitamente para nos ajudar a ser ainda mais perfeitos e inteiros em nós - mas, com tanta informação, tanta condição e ainda por cima com a quase total anulação da nossa criança mais pura, esquecemos a originalidade e o facto de que somos únicos!
Temos sempre hipóteses de resolver a questão, uma vez que somos existências inteligentes e dotados de consciência existencial que é adquirida com a experiência da vida, basta apenas sermos humildes o suficiente para sabermos parar e olhar com os olhos do coração para a existência, sem julgamentos, opiniões ou crenças sem fundamento.
Questões: jcaeiro@live.com.pt
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